Os depoimentos prestados pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-assistente de Jair Bolsonaro, estão sendo documentados em vídeo, uma prática pouco comum, segundo a Polícia Federal (PF). A decisão é vista como um reforço das precauções com as informações cedidas por Cid em sua confissão. Agora, os investigadores possuem não apenas a transcrição, mas também o vídeo da confissão, que poderá ser usado como prova.
Este tipo de registro é frequentemente utilizado em acordos de delação premiada. No caso de Cid, o material será incluído no inquérito que está sendo conduzido pelo setor de Inteligência da PF e supervisionado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ao longo de três dias, o tenente-coronel registrou um total de 24 horas de depoimentos à Polícia Federal.
O ex-assistente, um dos principais laços entre Bolsonaro e supostas atividades criminosas, tem estado sob investigação em vários inquéritos. De acordo com fontes da PF, Cid começou a colaborar quando foi chamado para discutir as reuniões entre o hacker Walter Delgatti Netto e Bolsonaro. Uma das acusações é que Delgatti foi contratado por Carla Zambelli (PL-SP) para manipular urnas eletrônicas, alegação que a deputada nega. Além disso, Cid é considerado um importante elo na investigação da PF sobre um suposto esquema de venda de joias recebidas por Bolsonaro e familiares durante o tempo de presidência.