Decisão de Barroso Interrompe Audiências da CPI do MST após Derrotas da Cúpula do Colegiado

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) suspendeu todas as sessões que estavam programadas para ocorrer esta semana. A decisão veio após o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), interromper o depoimento que ocorreria na segunda-feira (4) com os dirigentes do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas. Embora o presidente do colegiado, o deputado Zucco (Republicanos-RS), tenha recorrido à decisão, um resultado ainda não foi obtido.

Um segundo depoimento, que seria feito por Marco Antônio Baratto Ribeiro, diretor nacional do MST no Distrito Federal, também foi suspensa temporariamente. Com as mudanças recentes, a única sessão ainda programada é a apresentação do relatório final, que está para ser feita pelo deputado Ricardo Salles (PL-SP), que deve ocorrer na próxima semana. O prazo final para a entrega do relatório está previsto para 14 de setembro.

Nos últimos tempos, o grupo de controle da CPI do MST, originalmente dominado pela oposição, enfrentou várias derrotas. O início do declínio começou quando uma manobra política do governo de Luiz Inácio Lula da Silva conduziu partidos do centrão, como o Republicanos e o PP, a substituírem membros do colegiado. Membros do parlamento aliados ao bolsonarismo foram substituídos por outros considerados mais neutros, o que se alinha melhor com o governo.

A partir disso, a oposição encontrou dificuldades para aprovar novas convocações para interrogatórios. Um exemplo é o do ministro da Casa Civil, Rui Costa, que estava na mira de Salles. Há também a tentativa do relator em aprovar a quebra do sigilo bancário e fiscal do líder da Frente Nacional de Lutas no Campo e na Cidade (FNL), José Rainha.

Acredita-se que Salles apresentará um relatório solicitando o indiciamento de líderes e ex-líderes do MST, e potencialmente um parlamentar, o deputado Valmir Assunção (PT-BA), que já foi vinculado ao movimento. No entanto, mesmo a cúpula da CPI tem dúvidas se consegue obter votos suficientes para aprovar o relatório.