Salvador, a capital de festividades conhecida pela sua alegria, está vivendo um período sombrio. Os moradores da cidade e da região metropolitana estão aterrorizados diante da maior onda de violência na história do estado, causada por conflitos entre facções criminosas nas disputa por territórios. Este clima de medo tem resultado na alteração da rotina na cidade, com a suspensão de aulas, fechamento de estabelecimentos comerciais e serviços básicos, e a imposição de toques de recolher. Os cidadãos estão se retirando de áreas sitiadas sempre que possível.
A resposta das forças estaduais à essa violência só tem intensificado a situação. Até a última quinta-feira (7), a Polícia Militar já havia matado dez pessoas em conflitos com as facções, fato que somente aumentou a percepção de letalidade da força policial na região. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública indicam que o estado lidera em letalidade policial, correspondendo a 23% de todas as mortes cometidas por policiais no Brasil.
A cidade de Jequié, na Bahia, é atualmente considerada como a mais violenta do país, com uma taxa de homicídios de 88,8 por 100.000 habitantes, mais do que o triplo da média nacional.
O governador Jerônimo Rodrigues e o secretário de Segurança Pública, Marcelo Werner, ambos do PT, vêm enfrentando duras críticas diante da crescente crise de insegurança. A prisão de três acusados pelo assassinato da líder quilombola Mãe Bernadete, ocorrido em 17 de agosto e que chocou todo o país, não diminuiu a sensação de inoperância do governo.
O desafio iminente é o confronto com as cinco facções criminosas que atualmente dominam o cenário. Há disputas constantes por poder entre grupos como o Comando Vermelho e o PCC.
Para tentar reestabelecer a paz, um convênio de cooperação foi firmado entre o governo baiano e a Polícia Federal, com foco na oferta de serviços de inteligência para debilitar o poder das facções criminosas. No entanto, as críticas ao governador Rodrigues continuam.
A tentativa do PT na Bahia de fortalecer o policiamento militarizado e tomar ações mais decisivas na luta contra a criminalidade tem suscitado acusações de descaso com os direitos humanos por parte de entidades dedicadas à essa causa, pondo o governo de esquerda no centro de um paradoxo.
Esta situação catastrófica revela o desafio que é administrar uma segurança pública efetiva, especialmente no enfrentamento de facções criminosas cada vez mais organizadas e bem armadas. A Bahia atualmente pede por paz, mas ainda aguarda respostas à altura deste desafio pelo governador Jerônimo Rodrigues.