O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou nesta segunda-feira (19) que cortes no financiamento global à saúde estão afetando diretamente milhões de pessoas em ao menos 70 países. A declaração foi feita durante a 78ª Assembleia Mundial da Saúde, em Genebra, e evidencia o impacto da redução de recursos sobre os sistemas de saúde mais frágeis.
Redução de verbas compromete atendimento médico global
De acordo com Tedros Adhanom, os cortes repentinos e profundos na ajuda bilateral internacional estão provocando sérias consequências nos sistemas de saúde de diversas nações. Ministros da saúde relataram à OMS que os recursos reduzidos causaram o fechamento de unidades, demissões de profissionais e aumento de custos para os pacientes.
Segundo o diretor-geral, milhões de pessoas estão perdendo acesso a tratamentos essenciais, especialmente em países com menor capacidade de financiamento interno. Os impactos são sentidos tanto na estrutura de atendimento quanto na disponibilidade de profissionais capacitados.
Rombo orçamentário da OMS e saída dos EUA preocupam
Atualmente, a OMS enfrenta um déficit de US$ 600 milhões em seu orçamento anual, além da previsão de cortes de 21% nos próximos dois anos. O cenário financeiro da organização se agrava com a iminente saída dos Estados Unidos, seu principal financiador.
A ausência do apoio norte-americano coloca em risco diversas operações da organização em áreas críticas, como o combate a doenças infecciosas, surtos de cólera e outras emergências sanitárias.
China pode assumir papel de maior financiador estatal
Com a retirada dos EUA, a China está prestes a se tornar a maior contribuinte estatal da OMS. As taxas estatais são uma das principais fontes de financiamento da entidade, ao lado das doações voluntárias. A mudança no equilíbrio de doadores também pode influenciar os rumos e prioridades estratégicas da organização.
Neste cenário, centenas de funcionários da OMS, doadores e diplomatas reuniram-se em Genebra para discutir alternativas de financiamento e estratégias para lidar com crises sanitárias sem depender fortemente de um único país.