O hacker Walter Delgatti Neto pode ser o primeiro a oferecer uma delação premiada à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos do dia 8 de janeiro. Segundo fontes dentro da comissão, e confirmado pela senadora Eliziane Gama, a secretaria da CPMI procurou a defesa de Delgatti para propor a colaboração. Cabe agora à defesa de Delgatti apresentar um ofício à comissão, o qual deverá ser submetido a votação em plenário.
Este movimento da CPMI surge após o próprio Delgatti expressar, em depoimento, sua vontade de colaborar por meio de uma delação. Esse esforço em busca de colaborações premiadas também pode ser dirigido a outros depoentes no inquérito, como o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Bolsonaro, o tenente coronel Mauro Cid. A novidade desse mecanismo utilizado pelo Legislativo, no entanto, gerou opiniões distintas entre os parlamentares.
Embora a proposta tenha respaldo jurídico da Advocacia-Geral do Senado, alguns parlamentares expressaram receio de que a iniciativa possa interferir nas investigações conduzidas pela Polícia Federal e pelo Supremo Tribunal Federal. Quando o parecer jurídico favorável à delação foi recebido na última terça-feira (29), o presidente da CPMI, deputado Arthur Maia (União-BA), salientou as dificuldades práticas da proposta. De acordo com Maia, o Legislativo não tem poder para alterar penas de investigados. Além disso, o presidente da CPMI questiona a eficiência de propor delações “em praça pública”.