Ciclone em Rio Grande do Sul: Mortes chegam a 36 e desaparecidos somam nove

O estado do Rio Grande do Sul enfrenta uma das piores consequências climáticas de sua história após a passagem de um ciclone extratropical na última semana. O saldo até o momento é de 36 mortes confirmadas, de acordo com o último boletim da Defesa Civil Estadual, divulgado na quarta-feira (6). Há ainda nove pessoas listadas como desaparecidas.

Os efeitos do ciclone se estendem além das vidas perdidas. Fortes chuvas forçaram milhares de pessoas a abandonar suas casas – 3.575 foram desalojados, enquanto outros 2.319 tornaram-se desabrigados, necessitando buscar abrigo público para se protegerem.

Ao todo, o ciclone afetou diretamente 79 municípios e mais de 56.000 pessoas em todo o estado. Devido à magnitude do desastre, o governador Eduardo Leite (PSDB) decretou estado de calamidade pública na quarta-feira pela manhã e está buscando auxílio federal para ajudar nas ações de resposta e reconstrução do estado.

As cidades mais afetadas incluem Muçum, onde foram encontrados 15 corpos na última terça-feira (5), e grande parte da cidade ficou alagada e sem sinal de telefone. Mato Castelhano, Ibiraiaras, Passo Fundo e Lajeado também relataram baixas, incluindo a morte trágica de uma mulher que caiu no rio Taquari após o cabo que a mantinha se romper durante um resgate de helicóptero.

O climatempo Maria Clara Sassaki explica que os ciclones extratropicais são comuns no Brasil em todas as estações, mas que há maior incidência no Sul no outono e no inverno. “Quando temos o El Niño, a intensidade desses fenômenos aumenta porque a temperatura mais quente alimenta os ciclones”, disse.

A meteorologia do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) caracteriza o ciclone como uma área fechada de baixa pressão atmosférica, onde os ventos giram no sentido horário no Hemisfério Sul, concentrando umidade na área de menor pressão. Essa umidade pode gerar nuvens carregadas e chuvas de leve a moderada, além de ventos fortes em rajadas.

Enquanto o estado se esforça para recuperar, Sassaki alerta que a massa de ar frio que sucede o ciclone levará mais chuvas para a região no final da semana, possivelmente agravando a já crítica situação.