O Palácio do Planalto está em uma delicada negociação com o PP e outros partidos do centrão para definir o futuro da Caixa Econômica Federal. O bloco político, que tem sido fundamental para a sustentação do governo Lula no Congresso, exige ter o poder de nomear todos os cargos de segundo e terceiro escalões na instituição financeira, incluindo a vice-presidência de habitação, que hoje é ocupada pela socióloga Inês Magalhães, uma aliada do presidente.
Segundo fontes ouvidas pelo nosso blog, o PP só aceita assumir a presidência da Caixa se tiver a garantia de “porteira fechada”, ou seja, de que possa indicar os nomes para as demais vice-presidências e diretorias. A ideia é que o partido divida esses espaços com outras legendas do centrão, como o Republicanos, o União Brasil e até mesmo o PL, de Jair Bolsonaro, que tem sinalizado uma aproximação com o governo.
O presidente Lula, no entanto, não quer abrir mão da vice-presidência de habitação, que é responsável por gerir o programa Minha Casa Minha Vida, uma das principais vitrines de sua gestão. Lula considera que Inês Magalhães tem feito um bom trabalho à frente da área e que sua substituição poderia prejudicar a execução do programa.
A expectativa é que o impasse seja resolvido em uma reunião entre Lula e integrantes do PP, prevista para acontecer quando o presidente retornar dos Estados Unidos, onde participa da Assembleia Geral da ONU. Lula deve tentar convencer o partido a aceitar outro cargo na Caixa ou em outro órgão do governo.
O nome mais cotado para assumir a presidência da Caixa é o do ex-ministro Gilberto Occhi, que já ocupou a função entre 2016 e 2018, durante o governo Michel Temer. Occhi tem o apoio do centrão e também de setores do mercado financeiro. A ex-vice-governadora do Piauí Margarete Coelho chegou a ser cogitada para o posto, mas ela recusou o convite e disse que prefere continuar no Sebrae.
A troca no comando da Caixa faz parte de uma estratégia do governo Lula para ampliar sua base de apoio no Congresso e garantir a aprovação de projetos de seu interesse. O PP é um dos maiores partidos da Câmara, com 41 deputados, e também tem influência no Senado. Além disso, o partido tem cerca de 20 parlamentares do PL que estão dispostos a migrar para a base governista.