O cardeal Giovanni Angelo Becciu anunciou nesta terça-feira, 29, que não participará do conclave que escolherá o novo papa, marcado para a noite de quarta-feira, 7 de maio. A decisão foi comunicada por meio de uma declaração pública, em que o religioso afirmou que sua retirada atende à vontade do papa Francisco.
“Tendo em mente o bem da Igreja […] decidi obedecer, como sempre fiz, à vontade do papa Francisco de não entrar em conclave, permanecendo convencido de minha inocência”, declarou Becciu.
A renúncia ocorre após uma reunião no Vaticano, realizada na segunda-feira, 28, durante a Congregação Geral na Sala Paulo VI. Segundo relatos, o cardeal Pietro Parolin apresentou a Becciu duas cartas assinadas por Francisco formalizando sua exclusão. Uma delas teria assinatura manuscrita do pontífice, enquanto a outra exibia apenas a inicial “F”. As cartas não foram divulgadas oficialmente, o que gerou questionamentos sobre seu valor jurídico.
Becciu havia alegado anteriormente que, por ter recebido perdão do papa, não poderia ser impedido de participar do conclave. No entanto, a controvérsia dominou sucessivas sessões da congregação de cardeais, atrasando os preparativos para a eleição papal. Com a retirada voluntária, o Vaticano busca retomar a normalidade do processo eleitoral.
Trajetória de Becciu no Vaticano
Natural da Sardenha, Giovanni Angelo Becciu foi um dos nomes mais influentes da Cúria Romana. Atuou como substituto para Assuntos Gerais da Secretaria de Estado e foi nomeado cardeal por Francisco em 2018, assumindo o cargo de prefeito da Congregação para as Causas dos Santos.
Em 2020, Becciu renunciou sob pressão após ser envolvido em um escândalo de corrupção relacionado a investimentos imobiliários em Londres. Posteriormente, tornou-se o primeiro cardeal a ser julgado criminalmente por um tribunal da Santa Sé.
Em 2023, foi condenado a cinco anos e meio de prisão pelos crimes de peculato, abuso de poder e suborno. A sentença incluiu ainda multa e perda de elegibilidade para ocupar cargos públicos. Embora mantenha o título de cardeal, Becciu perdeu o direito de participar de conclaves e outros privilégios eclesiásticos.