O domínio dos EUA como principal exportador global de milho, uma posição mantida por mais de meio século, foi abatido pelo Brasil no ano-safra mais recente, uma mudança que pode ser permanente. Os EUA foram responsáveis por aproximadamente 23% das exportações mundiais de milho durante o último ano-safra, enquanto o Brasil liderou com quase 32%, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos EUA. Acredita-se que o Brasil continue dominando nos próximos anos-safra, sentido uma mudança tectônica nos mercados agrícolas globais.
Uma combinação de fatores contribuiu para a ascensão do Brasil ao pódio, incluindo custos agrícolas crescentes nos EUA, escassez de terra para agricultura, os efeitos da guerra comercial prolongada instigada pelo ex-presidente americano Donald Trump com a China, e a própria força do dólar, que tende a desfavorecer as exportações. Ao mesmo tempo, o Brasil se esforçou para aprimorar sua infraestrutura portuária e logística, aproveitando um clima mais quente que permite duas colheitas de milho por ano e fortalecendo suas relações com a China.
Em 2020, a China assinou um acordo para adquirir grãos do Brasil, uma estratégia para diminuir sua dependência dos EUA e compensar a perda de fornecimento da Ucrânia após a invasão russa. O acordo trouxe benefícios significativos para o Brasil, com a China tornando-se o principal destino das exportações de milho brasileiro em julho, comprando 902 mil toneladas. Além disso, os laços entre China e Brasil se estendem a investimentos em infraestrutura e tecnologia, consolidando ainda mais as relações entre os dois países membros fundadores do Brics. Essa estreita relação entre Brasil e China pode colocar a agricultura dos EUA em desvantagem por um bom tempo.