O presidente do Chile, Gabriel Boric, enfrenta pressão dos professores por não ter cumprido a promessa de campanha de pagar a “dívida histórica” do Estado com a categoria, originária da ditadura de Pinochet (1973-1990). O novo ministro da Educação, Nicolás Cataldo, primeiro comunista na posição desde Salvador Allende, é visto como uma aposta de Boric para solucionar a questão.
A dívida refere-se à desvalorização dos salários de milhares de professores da rede pública durante o regime militar, quando a administração das escolas foi transferida para as prefeituras, resultando em cortes na remuneração. O Conselho Nacional de Educação do Chile estima as perdas salariais em pelo menos 14,3 trilhões de pesos chilenos (cerca de R$ 78,5 bilhões).
Carlos Díaz Marchant, presidente do Conselho Nacional de Professores, pede que Boric mostre comprometimento com suas promessas, enquanto o novo ministro enfrenta críticas e uma greve nacional convocada pelo Colégio de Professores em resposta a uma proposta do ministério para reajustes salariais.
O governo espera que a proximidade de Cataldo com a categoria ajude a lidar com as demandas dos professores e retomar o controle do setor, que enfrenta uma crise estrutural e consequências da pandemia. No último teste nacional de aprendizagem, todas as notas médias caíram em relação ao exame de 2018, especialmente entre alunos do ensino médio.
Nicolás Cataldo, professor de história, ingressou no Partido Comunista aos 27 anos, quando assumiu o Departamento de Educação e Aperfeiçoamento do Colégio Chileno de Professores. Desde então, atuou como editor da revista Docencia e selou sua trajetória ligada às políticas públicas de educação.