A primeira comemoração do Dia da Independência sob a administração Lula foi objeto de uma estratégia político-social inédita. Bolsonaristas, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, promoveram uma campanha para que seus adeptos “fiquem em casa” em 7 de setembro, uma tática em resposta à celebração do feriado do país sob a nova direção. O movimento teve impacto significativo, com relatos confirmados de adesão de parlamentares e militantes e efeito visível nas ruas.
O lema da campanha, “fique em casa”, serve como uma ironia astuta à expressão frequentemente usada durante a pandemia para encorajar o distanciamento social e reduzir a disseminação do vírus. No entanto, nesta ocasião, foi usada como um gesto político distintamente simbólico para enfatizar a dissidência em relação aos atuais governantes do Brasil.
Esse movimento marca um contraste notável com as manifestações anuais do Dia da Independência no Brasil, que normalmente atraem grandes multidões nas ruas com desfiles, festividades e celebrações patrióticas. As consequências dessa ausência proposital e organizada são multidimensionais.
Será que tem 30 mil pessoas nesse 7 de Setembro? 🤣🤣 pic.twitter.com/ZXnwRlP97C
— Pavão Misterious 𝕏 🇧🇷 (@misteriouspavao) September 7, 2023
Os organizadores dessa campanha têm como objetivo questionar a legitimidade do atual governo, criar uma demonstração visual de desacordo e demonstrar a força e a unidade de seus apoiadores. Aderindo a esse movimento, os bolsonaristas estão, em resumo, mostrando que desejam ser contados e reconhecidos como uma força política significativa no Brasil.
Em meio a este cenário, as ruas, por norma pulsantes e cheias de vida durante o Dia da Independência, tiveram um ar desconcertante de quietude ao longo do dia. Todavia, essa tranqüilidade não deve ser interpretada como uma falta de atividade política – ao contrário, é o som silencioso de um protesto que fala mais alto.
Esta campanha bolsonarista e toda a situação atual, exemplificam a linha tênue entre o pessoal e o político no Brasil. Assim como a pandemia, os desdobramentos políticos têm efeitos concretos na vida diária dos brasileiros. A campanha “fique em casa” enfatiza que política não é apenas um tópico discutido em gabinetes, mas também nas praças públicas, redes sociais e lares brasileiros.
A divisão visível que esta campanha causou e o seu impacto, comprovam que, embora a administração do país tenha mudado, a influência de Bolsonaro e sua base de apoiadores continua sendo uma presença tangível na sociedade brasileira.
O 7 de setembro de 2021 é um momento ímpar na história do Brasil, sendo marcado tanto pela celebração quanto pelo protesto silencioso, provando, mais uma vez, a complexa e fascinante dinâmica política brasileira.