Na última quarta-feira (23), a bancada evangélica do Congresso Nacional, composta por deputados e senadores, realizou uma manifestação direcionada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O protesto confrontava a recente Resolução 715 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), aprovada em julho deste ano, argumentando que as propostas apresentadas pela resolução violavam os compromissos assumidos por Lula durante as eleições. Entre os pontos de contestação estavam a legalização do aborto e das drogas, e a facilitação de terapias hormonais para adolescentes transgêneros a partir dos 14 anos.
Os membros da Frente Parlamentar Evangélica lembraram em seu pronunciamento a carta do presidente direcionada aos cristãos, assinada durante as eleições do último ano. No documento, Lula afirmou seu posicionamento contra o aborto e o uso de drogas, e assegurou que não haveria interferência governamental na educação familiar. Para os parlamentares, a adoção atual da Resolução 715, sancionada pela ministra da Saúde Nísia Trindade, contradiz as promessas do presidente, sendo caracterizado como “estelionato eleitoral”.
Destacaram-se nas falas dos parlamentares críticas sobre a redução da idade para terapias hormonais em jovens e o reconhecimento de manifestações culturais de religiões de matriz africana promotoras de saúde. Além disso, prometeram reação caso o governo leve adiante as propostas da resolução. Entre as medidas cogitadas, está a obstrução de votações e trabalho das comissões, baseada no Regimento Interno do Congresso. Em suas palavras, o senador Magno Malta afirmou: “Vamos avisar para esse governo que somos uma massa enorme de votos em nome da cristandade deste país.”