A Austrália vai às urnas no dia 14 de outubro para votar um referendo que visa reconhecer os povos originários – os aborígines australianos e os aborígines das ilhas do Estreito de Torres – na Constituição do país. A alteração proposta pretende dar mais voz a esses grupos indígenas por meio do instrumento “Voz ao Parlamento”, que prevê a criação de um comitê indígena para aconselhar o parlamento em questões de interesse aborígine. O referendo, apoiado pelo atual governo mas politicamente controverso, está buscando apoio da população que, segundo pesquisas, não mostra tendência a favorecer o reconhecimento dos povos originários na Carta Magna.
O primeiro-ministro Anthony Albanese declarou que cada australiano terá a “oportunidade única de unir o país e mudá-lo para melhor” no dia do referendo. A votação colocará uma única pergunta aos eleitores: “Proposta de Lei: você apoia alterar a Constituição para reconhecer os Primeiros Povos da Austrália, estabelecendo uma Voz Aborígene e das Ilhas do Estreito de Torres no país?”. A proposta tem chamado a atenção e movimentado as redes sociais, com o governo e os opositores do reconhecimento dos aborígines lançando fortes campanhas para angariar votos.
Para que a proposta seja aprovada, é necessário alcançar uma dupla maioria: mais de 50% dos votos em todo o país e pelo menos 50% na maioria dos estados. A votação é percebida como um momento decisivo, não apenas pela raridade e irreversibilidade da mudança constitucional, mas porque alguém os problemas que se agravam há séculos. Para os apoiadores da proposta, a votação é uma oportunidade para tratar as feridas abertas da injustiça e finalmente ouvir os povos originários após gerações de perseguição, racismo e negligência. Já os opositores, majoritariamente conservadores, veem a iniciativa como um gesto simbólico que poderia dividir a nação ao dar a alguns australianos um lugar “especial” acima de outros na constituição.