A Argentina anunciou nesta sexta-feira (16) a suspensão das importações de produtos e subprodutos de origem aviária do Brasil, após a confirmação de um foco de gripe aviária em uma granja comercial localizada em Montenegro, no Rio Grande do Sul, a aproximadamente 620 quilômetros da fronteira entre os dois países.
A medida foi divulgada pela agência argentina de sanidade animal, Senasa, e posteriormente confirmada pelo ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil, Carlos Fávaro. Com isso, a Argentina se junta à China e à União Europeia, que também impuseram restrições à carne de frango brasileira em função do surto.
De acordo com o governo argentino, a suspensão será mantida até que o Brasil recupere a certificação de país livre da doença. Além disso, a Senasa determinou o reforço das ações de biossegurança e vigilância sanitária nas granjas comerciais argentinas como forma de prevenir a entrada do vírus no país.
Nos últimos anos, o consumo de carne de frango na Argentina tem aumentado de forma significativa. Em 2023, pela primeira vez, o consumo per capita da proteína superou o de carne bovina, alcançando 49,3 quilos por habitante, contra 48,5 quilos da carne vermelha. Essa mudança foi impulsionada, sobretudo, pelo aumento nos preços da carne bovina.
Apesar da relevância da carne de frango no mercado interno argentino, o país não está entre os principais destinos das exportações brasileiras do setor. Em 2024, a Argentina importou US$ 20,7 milhões (R$ 117,8 milhões) em aves vivas oriundas do Brasil. Nos primeiros quatro meses de 2025, o valor das importações somou US$ 6,1 milhões (R$ 34,7 milhões).
No segmento de cortes congelados, as compras argentinas somaram US$ 13,6 milhões (R$ 77,4 milhões) em 2024 e US$ 17,7 milhões (R$ 100,8 milhões) entre janeiro e abril de 2025. Ainda assim, o país ocupa apenas a 54ª posição entre os maiores compradores de carne de frango brasileira, conforme dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O Chile, por exemplo, figura na 13ª colocação, com 111,6 mil toneladas adquiridas em 2024, enquanto o Peru está em 22º lugar, com 55,1 mil toneladas.