A recente prisão de Tuta, importante líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), na Bolívia, reacendeu o debate sobre quem comanda a facção criminosa fora das grades. Segundo informações do promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco), quatro nomes se destacam como os principais líderes do PCC que permanecem em liberdade, alguns deles operando a partir do país vizinho onde Tuta foi capturado.
Os quatro principais líderes do PCC em liberdade
O promotor do Gaeco identificou quatro criminosos que são considerados os substitutos de Tuta após sua prisão na última sexta-feira (16) pela Polícia Federal em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. São eles: André de Oliveira Macedo, conhecido como André do Rap; Patrick Uelinton Salomão; Pedro Luiz da Silva Soares; e Sérgio Luiz de Freitas Filho.
De acordo com as informações compartilhadas pelo promotor Lincoln Gakiya, dois desses criminosos, identificados como Forjado e Chacal, encontram-se atualmente na Bolívia. Ambos são egressos do sistema prisional e, segundo o promotor, não possuem mandados de prisão em aberto contra eles.
Esses quatro criminosos ganharam ainda mais relevância na hierarquia da organização após a captura de Tuta, que foi preso quando tentava renovar sua documentação utilizando um documento brasileiro falso. Após a prisão, Tuta foi transferido para o Brasil e alocado na Penitenciária Federal em Brasília, mesma unidade onde está Marcola, outro importante líder da facção.
O caso de André do Rap
Entre os líderes mencionados, André do Rap possui um histórico criminal extenso e notório. André Oliveira Macedo é acusado de diversos crimes relacionados ao tráfico internacional de drogas, com destaque para operações de envio de cocaína à Europa através do porto de Santos. Ele é apontado como integrante do Primeiro Comando da Capital, facção criminosa que mantém operações dentro e fora dos presídios brasileiros.
André do Rap foi condenado duas vezes em segunda instância por tráfico internacional de drogas e teve sua prisão preventiva decretada em 2014. Posteriormente, foi capturado em um condomínio de luxo em Angra dos Reis. Embora já tenha sido sentenciado pela justiça, seus processos ainda não transitaram em julgado, o que significa que o acusado ainda pode recorrer das decisões.
O caso de André do Rap ganhou notoriedade adicional por ter reacendido o debate jurídico sobre a prisão após condenação em segunda instância no Brasil. Sua libertação em um momento anterior gerou controvérsia e discussões sobre as interpretações da legislação penal brasileira.
Impacto da prisão de Tuta na estrutura do PCC
A captura de Tuta representa um golpe significativo na estrutura de comando do PCC, mas a existência de outros líderes em liberdade demonstra a capacidade de reorganização da facção criminosa. A presença de alguns desses criminosos na Bolívia indica a dimensão transnacional das operações do grupo, que utiliza países vizinhos como base para suas atividades.
A transferência de Tuta para a mesma unidade prisional onde se encontra Marcola sugere uma estratégia das autoridades brasileiras de concentrar os principais líderes da organização em presídios federais de segurança máxima, visando dificultar a comunicação com outros membros da facção e reduzir sua influência nas operações criminosas.
Enquanto as autoridades brasileiras celebram a prisão de Tuta como uma vitória importante no combate ao crime organizado, a existência de outros líderes do PCC em liberdade, como André do Rap e os demais nomes citados pelo promotor Lincoln Gakiya, representa um desafio contínuo para as forças de segurança. A atuação transnacional desses criminosos, especialmente na Bolívia, evidencia a complexidade do enfrentamento às organizações criminosas que operam além das fronteiras nacionais.