A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro da Butantan-DV, uma nova vacina contra a dengue desenvolvida integralmente pelo Instituto Butantan. A decisão, tomada por unanimidade pela diretoria colegiada em 20 de março de 2024, representa um marco para a saúde pública brasileira, oferecendo uma nova ferramenta de prevenção em dose única.
O imunizante é indicado para a prevenção da dengue causada pelos sorotipos 1, 2, 3 e 4 do vírus em pessoas com idade entre 18 e 60 anos, independentemente de terem sido previamente infectadas pela doença. A aprovação foi baseada em estudos de fase 3 que comprovaram sua segurança e eficácia.
Eficácia e principais características
Conforme os dados apresentados pelo Instituto Butantan e publicados em periódicos científicos, a vacina demonstrou uma eficácia geral de 79,6% na prevenção da dengue, dois anos após a aplicação. O imunizante é produzido com vírus vivos atenuados, ou seja, enfraquecidos, que induzem a produção de anticorpos sem causar a doença.
A principal vantagem da Butantan-DV é o esquema de dose única, que simplifica a logística de campanhas de vacinação e pode aumentar a adesão da população, facilitando a imunização em larga escala, especialmente em regiões de difícil acesso.
Próximos passos e incorporação ao SUS
Com o registro concedido pela Anvisa, o próximo passo é a análise pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec). O órgão, vinculado ao Ministério da Saúde, avaliará a relação custo-benefício e o impacto orçamentário para decidir sobre a incorporação da vacina ao Programa Nacional de Imunizações (PNI).
A expectativa do Instituto Butantan é que a vacina possa estar disponível no SUS a partir de 2025. Atualmente, o PNI já oferece outro imunizante contra a dengue, a Qdenga, da farmacêutica Takeda, que é administrada em um esquema de duas doses.
Cenário da dengue no Brasil
A aprovação ocorre em um momento crítico para o país, que enfrenta a pior epidemia de dengue de sua história. De acordo com o Painel de Monitoramento de Arboviroses do Ministério da Saúde, o Brasil já registrou milhões de casos prováveis e milhares de óbitos pela doença em 2024, superando todos os recordes anuais anteriores.
A introdução de uma nova vacina, especialmente de fabricação nacional e em dose única, é vista por especialistas como um reforço estratégico fundamental para controlar a transmissão e reduzir o número de hospitalizações e mortes causadas pela doença nos próximos anos.