A Americanas S.A., que passa por processo de recuperação judicial, encerrou o primeiro trimestre de 2025 com prejuízo de R$ 496 milhões. No mesmo período do ano anterior, a companhia havia reportado lucro de R$ 453 milhões. O resultado negativo foi atribuído principalmente à ausência de receitas extraordinárias e à mudança na data da Páscoa, que afetou o desempenho das vendas no período.
De acordo com o relatório divulgado em 14 de maio, a Páscoa — evento de forte impacto para o varejo físico da companhia — ocorreu em 31 de março em 2024, mas em 2025 foi celebrada em 20 de abril, já no segundo trimestre. Em 2024, a data havia representado cerca de 32% da receita do primeiro trimestre.
A receita líquida consolidada da Americanas no 1T25 foi de R$ 3,1 bilhões, uma queda de 17,4% em comparação aos R$ 3,7 bilhões registrados no mesmo período de 2024. O lucro bruto caiu de R$ 1,2 bilhão para R$ 891 milhões, com a margem bruta recuando de 33,2% para 29,1%.
O EBITDA ajustado, que desconsidera despesas relacionadas à recuperação judicial e investigações, ficou negativo em R$ 20 milhões, frente ao resultado positivo de R$ 243 milhões no 1T24. Já o EBITDA ajustado ex-IFRS 16 foi de R$ 264 milhões negativos, em comparação aos R$ 16 milhões negativos no mesmo trimestre do ano anterior.
Para compensar distorções sazonais e oferecer uma visão mais precisa da operação, a empresa destacou um crescimento de 14,2% nas vendas em “mesmas lojas” entre janeiro e abril de 2025, com avanço de aproximadamente 16% nas vendas durante a Páscoa.
Mesmo diante dos números negativos, a administração apontou avanços estratégicos, como a modernização do parque tecnológico, o lançamento de um programa de fidelidade e a execução de projetos como Galeria e Conecta.
As despesas com vendas, gerais e administrativas (SG&A), excluindo depreciação e amortização, tiveram redução de 10,9%, totalizando R$ 991 milhões. No entanto, esse valor passou a representar 32,4% da receita líquida, contra 30% no mesmo trimestre de 2024, devido à menor diluição dos custos fixos.
O resultado financeiro consolidado também apresentou recuo, com saldo negativo de R$ 200 milhões, ante R$ 93 milhões negativos no 1T24. Segundo o relatório, esse desempenho foi impactado principalmente por despesas com juros e variações cambiais relacionadas à 22ª emissão de debêntures.
No balanço patrimonial, a dívida bruta da companhia somava R$ 1,8 bilhão ao final de março, concentrada em debêntures. As disponibilidades totais, incluindo caixa e recebíveis de cartão, totalizaram R$ 2,1 bilhões, resultando em uma posição líquida positiva de R$ 268 milhões.
Durante o trimestre, a Americanas encerrou as atividades de 26 lojas consideradas inviáveis, o que reduziu em 1,6% a área total de vendas. A rede contava com aproximadamente 1,5 mil unidades no fim de março.
A empresa reforçou que os resultados do período não indicam deterioração da operação, mas refletem a ausência de efeitos não recorrentes que contribuíram com R$ 1,3 bilhão em receitas no primeiro trimestre de 2024. Com foco na reestruturação e no controle de custos, a Americanas afirmou que continuará investindo em soluções digitais, melhorias na experiência de compra e fortalecimento de parcerias comerciais.