O deputado Aécio Neves (PSDB-MG), absolvido por unanimidade pelo Tribunal Regional da 3.ª Região (TRF-3) das acusações de corrupção ligadas à Lava Jato e ao caso JBS, anunciou que o PSDB planeja endurecer a sua retórica oposicionista. Ele afirmou ainda que o partido se prepara para ser uma alternativa nas próximas eleições, apesar de ter sido “destroçado” e reduzido.
Falando de seu gabinete na Câmara, Neves criticou a gestão do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, e o governo de seu antecessor, Jair Bolsonaro. Além disso, revelou que um núcleo de avaliação e acompanhamento dos programas da gestão petista será criado este mês.
O deputado declarou: “Temos de endurecer o discurso oposicionista. Não dá para ficar nesse nem-nem, que ninguém sabe o que é”, fazendo referência àqueles que não apoiam nem Lula nem Bolsonaro.
Durante a conversa, Neves relembrou os momentos difíceis de sua carreira política, marcada por acusações de corrupção e desconfianças do público. Ele também expressou arrependimento em relação a algumas de suas ações, especialmente sua conversa com Joesley Batista, um dos proprietários da JBS.
Em relação ao PSDB, o deputado ressaltou que, apesar de devastado pelas consequências do projeto eleitoral do ex-governador de São Paulo, João Doria, o partido preserva sua essência. Aécio apontou que é importante liderar a parcela da população que votou contra um ou outro candidato, mas que não necessariamente se alinha politicamente com estes. “O meu esforço é para que cheguemos nas próximas eleições votando a favor de alguma coisa, e não contra alguma coisa”, afirmou o deputado.
Quando questionado sobre sua postura em relação à Lava Jato, Neves expressou descontentamento com o desvio de finalidade do projeto inicial, se transformando em um projeto político próprio para alguns procuradores. Apesar disso, o deputado insiste que acredita na necessidade de um sistema de justiça forte e atuante.
Por fim, Aécio Neves não descarta a possibilidade de seu próprio retorno à política em grande estilo, sugerindo a possibilidade de concorrer ao governo de Minas Gerais em 2026. Com um passado como presidente da Câmara, governador de Minas, senador e candidato à Presidência em 2014, o êxito de Neves em um retorno político de grande escala permanece incerto.