O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro, se encontra no centro de uma disputa sobre colaboração premiada junto à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) sediada em Bogotá, na Colômbia. Cid é investigado por suposto envolvimento em fraudes a cartões de vacina e por participar de esquema de venda de joias que foram presenteadas ao ex-presidente Bolsonaro. Seu advogado, Cezar Bitencourt, rechaçou a possibilidade de conversas com a CPMI para a obtenção de uma delação premiada.
Bitencourt declarou à CNN que a possibilidade de a CPMI processar uma delação é irrelevante e argumentou que o Senado Federal não tem legitimidade para fazê-lo. O advogado ainda pontuou que o Ministério Público jamais aceitaria essa condição, e critica o cenário onde não haveria garantia de manutenção do sigilo. A declaração foi em resposta à uma análise da Advocacia do Senado que sugere que as respectivas Comissões Parlamentares de Inquérito poderiam propor acordos colaborativos aos investigados, desde que tenham o consentimento do Ministério Público.
Os debates sobre a proposta de delação premiada ganharam destaque com a iniciativa da senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPMI, que buscou a defesa do hacker Walter Delgatti Neto e de outros depoentes para propor a realização de uma colaboração premiada. A atitude gerou reações adversas, especialmente do presidente do colegiado, deputado Arthur Maia (União-BA), que estabeleceu que nenhum assessor da CPMI deveria procurar depoentes e que quem desejasse fazer uma colaboração deveria se dirigir diretamente à Comissão.