Ações da PF em datas comemorativas do Exército geram descontentamento entre militares

A Polícia Federal (PF) vem sofrendo críticas da alta cúpula do Exército Brasileiro por planejar suas ações envolvendo militares sob investigação em dias significativos para as Forças Armadas. Segundo alguns generais, todas as operações da PF até agosto deste ano coincidiram com grandes marcos no calendário do Exército.

Um dos exemplos mais notáveis ocorreu no Dia do Exército – 19 de abril, quando a PF divulgou imagens de janeiro, capturadas pelo circuito interno do Palácio do Planalto, eclipsando as celebrações. Acrescenta-se a isso ações da PF que teriam obscurecido anúncios importantes como a nomeação do general Marcos Antonio Amaro para chefiar o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) em maio, e o lançamento do novo PAC para as Forças Armadas em 11 de agosto.

Em resposta às referidas alegações, fontes dentro da Polícia Federal ouvidas pelo jornal Folha de S.Paulo garantem que não existe seleção intencional de datas para procedimentos envolvendo militares. Estas fontes acreditam que a desconfiança por parte das Forças Armadas poderia ser motivada por um forte senso de corporativismo.

Os generais refutam esta ideia, afirmando que seu objetivo principal é a manutenção de uma relação institucional saudável. Tentando atenuar as tensões, o Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, tem se empenhado em construir um relacionamento próximo com Andrei Rodrigues, diretor-geral da PF.

Numa tentativa de aceno diplomático, Monteiro, na véspera do Dia do Soldado (25 de agosto), fez uma visita pessoal à sede da PF para convidar Rodrigues para a cerimônia. Ele também convidou para a mesma celebração o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. Ambos marcaram presença no evento.

O General Tomás Paiva, comandante do Exército, estendeu recentemente um convite para Moraes, convidando-o a retomar seus treinos na academia do Comando Militar do Planalto. Moraes parou de frequentar a academia em novembro de 2022, onde costumava treinar com praças e oficiais durante cerca de três anos. A interrupção veio após ele ter sido informado de uma reforma iminente no local, situação que segundo a Folha, ele entendeu como um sinal de que não era mais bem-vindo.