Em uma noite de 1942, Elvira De la Fuente, uma peruana glamourousa dividindo-se entre festas e jogos de azar, confessou a amigos em um cassino em Londres que havia conseguido um emprego bem remunerado como espiã para o serviço secreto britânico – MI6. Na época, a Grã-Bretanha estava envolvida no furor da Segunda Guerra Mundial, e essa informação – se caísse em mãos erradas – poderia ser prejudicial. No entanto, essa aparente deslize de Elvira não selou seu destino como fracasso, em vez disso, ela se tornou uma agente dupla crucial – trabalhando tanto para os britânicos quanto se infiltrando nas fileiras alemãs.
Embora De la Fuente fosse uma figura improvável em comparação com as representações populares de agentes secretos discretos na época, suas atitudes ousadas e estilo de vida extravagante faziam parte de sua originalidade. Na verdade, essa personalidade vibrante e bissexual tornou-se uma ferramenta valiosa para espionagem.
De la Fuente, também conhecida como Elvira Chaudoir, não era apenas uma socialite, mas também uma mulher instruída com formação em Ciência Política. Além disso, ela estava disposta a questionar a tradição, incluindo as normas impostas às mulheres de seu tempo. Sua história de vida foi documentada no livro “Los Secretos de Elvira” (Os segredos de Elvira), de Hugo Coya.
Graças à sua nacionalidade peruana e ao seu passaporte, Elvira poderia circular livremente pela Europa. Ao mesmo tempo, seu estilo de vida extravagante criava uma capa perfeita de uma mulher que ninguém suspeitaria ser uma espiã. Seu treinamento incluía aprender a escrever com tinta invisível e a detectar quando alguém estava mentindo.
Como espiã, De La Fuente realizou muitas missões cruciais. Sua mais importante foi fornecer informações enganosas sobre o local do desembarque do Dia-D. Os alemães foram levados a desviar uma divisão inteira de tanques para o sudoeste da França, longe da Normandia, para onde os Aliados realmente se dirigiram.
A contribuição de Elvira para o esforço de guerra é inegável, embora possa ter sido negligenciada ou esquecida pela história. Mesmo tendo se aposentado com um pagamento modicamente único e vivendo seus dias tranquilamente com sua companheira Carmen, De la Fuente sempre se lembrou de sua carreira como espiã como o período mais ‘maravilhoso e intenso’ de sua vida.
Elvira De la Fuente foi um exemplo vívido de como os indivíduos mais improváveis podem se tornar recursos de espionagem valiosos, e como as percepções populares sobre os espiões podem muitas vezes não estar de acordo com a realidade.