A confiança da população brasileira nas Forças Armadas registrou queda, passando de 52% em 2020 para 44% em 2021, segundo pesquisa “A Cara da Democracia”. A taxa dos que afirmam “confiar mais ou menos” no Exército, na Marinha e na Aeronáutica variou de 30% para 33% no mesmo período, enquanto a dos que declaram não confiar “nem um pouco” passou de 26% para 30%.
A mudança na percepção pública ocorre em meio a controvérsias que envolvem militares em questões políticas e aproximação com tramas golpistas. Entre os casos mais recentes está o do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, preso por suposta fraude no cartão de vacinação e investigado por envolvimento na venda ilegal de presentes oficiais.
Em 2020, o governo Bolsonaro convocou as Forças Armadas para integrar uma comissão de fiscalização das eleições. O relatório final dos militares afirmou não haver evidências de fraudes, mas deixou em aberto a possibilidade de irregularidades. Esse cenário motivou parte dos apoiadores de Bolsonaro a acampar em frente a quartéis do Exército, esperando uma intervenção para reverter o resultado eleitoral. O movimento culminou na invasão das sedes do Executivo, Legislativo e Judiciário em janeiro de 2021.
A pesquisa “A Cara da Democracia”, realizada com 2.558 entrevistas presenciais em 167 cidades do Brasil, também indicou a queda de confiança em outras instituições fundamentais para a democracia, como o Supremo Tribunal Federal (STF) e a Justiça Eleitoral. O levantamento tem margem de erro de dois pontos percentuais e índice de confiança de 95%.