Exaltada, a base bolsonarista expressa desconforto com a postura do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que pode ter um impacto significativo em sua viabilização para a reeleição em 2024. Ser alvo dos bolsonaristas pode ser mais prejudicial do que enfrentar um candidato apoiado por Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente da República – adversário que Nunes pretende evitar a todo custo.
Os aliados de Nunes atuam nos bastidores da política paulistana com receio de uma repetição do ocorrido com o governador de São Paulo, João Doria. A certa altura, Doria, após inicialmente abraçar o bolsonarismo para garantir sua eleição em 2018, permaneceu em conflito com o ex-presidente e, por isso, foi alvo de intensas críticas online.
A atenção dentro do círculo de Nunes foi redobrada, principalmente após Carlos Bolsonaro (Republicanos), vereador do Rio de Janeiro e filho do ex-presidente, lançar críticas contra o prefeito.
No último sábado (9/9), Carlos acusou Nunes de desejar “usar” seu pai para alcançar a reeleição. Este comentário surgiu como uma resposta a uma matéria publicada pelo colunista Igor Gadelha. O texto discutia a disposição do MDB em utilizar a imagem de Simone Tebet, ministra do Planejamento, para impulsionar a campanha de Nunes.
“Dias antes, Carlos Bolsonaro já havia sugerido que Nunes está interessado apenas no financiamento do partido PL,” relata a fonte.
Aliados do prefeito estão preocupados com a possibilidade de Nunes ser alvo de uma campanha negativa por parte dos bolsonaristas nas redes sociais, o que poderia afetar sua classificação nas pesquisas. Nunes aparece com 24% das intenções de voto na última pesquisa do Datafolha, ficando apenas atrás do deputado federal Guilherme Boulos (PSol), que possui 32% da preferência do eleitorado.
Em julho, os bolsonaristas que trabalhavam para desestabilizar a pré-candidatura de Ricardo Salles (PL-SP), exigiram espaço na gestão municipal em troca do suporte fornecido para solidificar a candidatura de Nunes. Além disso, eles reivindicaram a vaga de vice na chapa de Nunes, com o objetivo de derrotar Boulos, que já conta com o apoio do PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Nunes já rejeitou a possibilidade de acomodar representantes do bolsonarismo em cargos de liderança municipal, alegando que o PL, partido de Bolsonaro, já ocupa uma secretaria e constitui parte de sua base de apoio no legislativo municipal.
Recentemente, alguns nomes não alinhados ao bolsonarismo foram ventilados para o posto de vice na chapa do prefeito, incluindo a ex-prefeita e ex-petista Marta Suplicy, atual secretária de Relações Internacionais da administração emedebista.
Marta recebeu sondagens de Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, mas se recusa a se filiar ao mesmo partido de Bolsonaro. A tentativa de Valdemar foi vista pelos bolsonaristas como provocação, fazendo-os se sentirem cada vez mais excluídos nas discussões sobre a futura chapa.
Nunes, por sua vez, tem afirmado publicamente que não tem proximidade com Bolsonaro, mas admite que espera o apoio do ex-presidente na sua campanha para “derrotar a extrema-esquerda”. Segundo o prefeito, não existe crise com o bolsonarismo, mas estão criando “intriga” para enfraquecê-lo.