A China tem inundado o mundo com carros baratos a petrolina em momentos onde muitas de suas exportações estão em declínio e o gasto dos consumidores diminui. A demanda por esses veículos no exterior tem sido tão alta que o maior obstáculo para as vendas é a falta de navios para transportá-los.
O cenário geopolítico, especialmente a guerra na Ucrânia, lançou uma sombra sobre a produção de automóveis em muitos países, abrindo caminho para a China se tornar um competidor-chave no mercado russo, transportando carros por trem. A China também tem feito incursões maiores nos mercados do Sudeste Asiático, Austrália, América do Sul e México.
Enquanto tarifas da era Trump continuam a limitar as vendas para os Estados Unidos, os fabricantes chineses de automóveis estão se preparando para uma expansão maciça na Europa, a espera apenas de navios suficientes para realizar o transporte.
Estaleiros no rio Yangtzé estão sendo pressionados para construir uma frota de navios para transportar carros que funcionam como estacionamentos flutuantes gigantes, capazes de transportar 5.000 carros ou mais por vez. O estaleiro Jinling em Yizheng, perto de Nanquim, está constantemente ocupado, inclusive com turnos noturnos todos os dias, confirma Feng Wanyou, um soldador de navios.
Embora as exportações totais de bens chineses tenham caído 5,5% nos primeiros oito meses deste ano, a indústria automobilística do país quadruplicou suas exportações em um prazo de três anos, ultrapassando o Japão como líder mundial. As exportações de veículos aumentaram 86% até julho neste ano.
Ao mesmo tempo, as famílias chinesas estão gastando menos, principalmente devido à queda dos preços dos imóveis. A confiança do consumidor mostrou poucos sinais de recuperação mesmo após a flexibilização das rigorosas políticas de “covid zero” que duraram quase três anos.
Quando os consumidores chineses compram carros, estão cada vez mais optando por veículos elétricos de fabricantes locais, que são líderes mundiais na produção desse tipo de veículo. Isso resultou em uma sobra enorme de modelos a gasolina que os consumidores chineses não querem mais, mas ainda vendem no exterior.
O ex-CEO da Chrysler China e atual CEO da Automobility em Xangai, Bill Russo, comentou sobre a situação, “Por que eles recorreram às exportações? Porque precisam. O que eles vão fazer? Fechar uma fábrica?”.
Globalmente, os fabricantes chineses de automóveis estão fazendo avanços por terem acesso a aço e eletrônica barata, além de receberem subsídios, como terras praticamente gratuitas e empréstimos a juros praticamente nulos, dos governos locais.
Apesar do boom nas exportações de carros da China, a falta de navios está impedindo o país de exportar ainda mais. No entanto, as coisas devem começar a mudar, já foram realizados pedidos pendentes em todo o mundo para 170 navios de transporte de veículos.
A Europa está se tornando o principal alvo para os fabricantes de automóveis chineses. Usando marcas como a Volvo e MG, adquiridas há muitos anos, esses fabricantes estão ganhando maior aceitação no continente.
Entretanto, um grande mercado, os Estados Unidos, não está nos principais destinos das exportações de carros chineses. Quando a administração Trump impôs tarifas sobre as importações chinesas em 2018 e 2019, as medidas incluíam taxas de 25% para carros a gasolina e elétricos, além de motores a gasolina e baterias de carros elétricos. As tarifas ainda estão em vigor e há a possibilidade de serem aumentadas se necessário.