União Cruzmaltina substitui homenagem a Sérgio Cabral por enredo sobre Estádio São Januário no Carnaval 2024

A União Cruzmaltina, escola de samba do Rio de Janeiro, predominantemente, composta por torcedores do Vasco da Gama, abalou o cenário do samba ao anunciar uma revisão de seu enredo para o Carnaval de 2024 na manhã desta sexta-feira, 8.

Originalmente, o foco da escola seria o polêmico ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. No entanto, após reflexão e em meio a diversos desafios enfrentados pelo Vasco da Gama, o tema foi alterado para a história da construção do icônico estádio de São Januário.

Através de uma publicação nas redes sociais, a escola de samba comunicou, “Substituiremos o emblemático enredo onde contaríamos a trajetória de vida do sempre governador Sérgio Cabral Filho pela história de construção do estádio de São Januário”.

Sérgio Cabral, respondendo ao anúncio, expressou seu agradecimento pela homenagem inicial e apoiou a mudança de enredo. Ele elogiou a história do Vasco como “a mais bonita do futebol brasileiro” e afirmou, “o momento é de exaltação à história do clube”.

No entanto, o estádio de São Januário está passando por problemas. Foi interditado desde 23 de junho, após uma confusão entre torcedores e a polícia durante uma partida do Vasco contra o Goiás, onde os torcedores lançaram fogos de artifício, danificaram estruturas e entraram em confronto com a polícia.

Essa interdição, sustentada pela Justiça do Rio de Janeiro, surgiu em resposta a um pedido do Ministério Público fluminense, que alegou que a segurança dos frequentadores do estádio estava sendo violada pela ação criminosa de um grupo de indivíduos e pela falta de infraestrutura e preparação do pessoal do clube.

O compromisso de honrar Cabral em um samba-enredo criou inicialmente uma mancha na relação da escola com o público, especialmente devido ao passado criminal do ex-governador. Cabral, que liderou o estado do Rio de Janeiro de 2007 a 2014, é infame por suas múltiplas condenações no contexto da Operação Lava Jato. Foi condenado a uma pena total de 425 anos por delitos como corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Embora tenha deixado a prisão em dezembro de 2022, a ideia de homenageá-lo gerou indignação popular.

Com a mudança de enredo, a União Cruzmaltina espera centrar as atenções na história de superação e resistência representadas pela construção do estádio de São Januário, optando por evitar a controvérsia que se seguiria com a homenagem a um ex-governador condenado.