No debate acerca do casamento homoafetivo na Câmara dos Deputados na última terça-feira (5), ocorreu uma aclamada discussão envolvendo alegações de que “crianças trans não existem” feitas por parlamentares conservadores. A declaração foi uma resposta à deputada federal Daiana Santos (PCdoB-RS), que afirmou o oposto durante uma sessão da Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família.
A defesa da comunidade LGBTQIA+ feita por Daiana tornou-se um rua de mão dupla quando um parlamentar, que permanece não identificado, interrompeu sua fala para apelar para que as crianças fossem deixadas “em paz”. A declaração provocou protestos de outros deputados presentes na sessão, incluindo Marco Feliciano (PL-SP), Pastor Sargento Isidório (Avante-BA), Messias Donato (Republicanos-ES) e Éder Mauro (PL-PA).
A polêmica ocorreu durante a discussão acerca do Projeto de Lei (PL) 580/2007, que trata do casamento homoafetivo. A proposta, originalmente de autoria do falecido deputado federal Clodovil Hernandes, em si já é ponto de acalorados debates na Câmara há anos.
As reações negativas às palavras de Daiana reacenderam discussões sobre as atitudes e reconhecimento da comunidade LGBTQIA+ na sociedade brasileira, sobretudo no que diz respeito à existência e identidade de crianças trans. A declaração, embora controversa para alguns, provou ser um importante ponto focal para a necessidade de mais diálogo e entendimento em relação ao assunto.
Ainda que a Câmara continue dividida em opiniões, declarações como o “crianças trans existem” afirmadas por Daiana ressaltam a urgência de um amplo debate acerca dos direitos e proteção da comunidade LGBTQIA+ no Brasil, incluindo a necessidade de apoiar e reconhecer a identidade de crianças e jovens transgêneros no país.