A agricultura argentina experimentou uma queda drástica no faturamento nos primeiros oito meses de 2023. A severa seca que aflige a região comprometeu significativamente a produção de grãos do país, resultando em uma diminuição da receita das exportações em 54%, de acordo com o Centro de Exportadores de Cereais da Argentina.
A indústria atravessou um período econômico sombrio, faturando apenas US$ 1,7 bilhão em agosto de 2023 – cerca de metade do valor que relatou no mesmo mês de 2022. A produção também sentiu o impacto da crise climática. A média de produção de soja, milho e trigo – os três principais grãos cultivados no país – caiu pela metade.
A soja, particularmente, uma das maiores produtoras de receita para o país, sofreu uma queda significativa, equilibrando a produção da Argentina com a da China e quase deslocando os produtores argentinos da terceira posição no ranking mundial de produtores de soja. A perda é igual à colheita inteira da China, estimada em 20 milhões de toneladas.
Essa retração considerável na colheita de soja tem consequências diretas para a indústria de farelo de soja da Argentina. O setor, que antes era líder na exportação mundial do produto, enfrenta agora a possibilidade de ser ultrapassado pelo Brasil, de acordo com as previsões da Bolsa de Rosário.
O Brasil, que tem uma previsão de produção de farelo de soja de 44 milhões de toneladas, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), pode assumir a liderança nas exportações em 2023, com a expectativa de exportar 21,5 milhões de toneladas do produto.
Por outro lado, já debilitada pela seca, a produção de farelo de soja na Argentina deverá encerrar o ano em 23,5 milhões de toneladas. As exportações do produto também devem diminuir. As estimativas do USDA indicam que em 2023 o país exportará 21,2 milhões de toneladas de farelo de soja, 20% menos do que em 2022.
Este cenário apresenta um duro golpe para a economia argentina, que depende fortemente de suas exportações agrícolas para manter a estabilidade financeira. A queda na produção e nas exportações decorrente da seca severa desafia os produtores argentinos a buscar alternativas para superar esta crise.