A vida dos assentados que ousam questionar as ordões do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) é repleta de violência física, pressão psicológica, tiros e brutalidade, segundo depoimentos obtidos pela revista digital Crusoé e relatórios da CPI. Muitos dos que uma vez aderiram ao grupo em busca de uma vida melhor, de oportunidade para cultivar sua própria terra, hoje se encontram à margem da lei, vivendo em um estado de medo e insegurança, com abusos sendo uma ocorrência comum.
Com o apoio do Invasão Zero, um movimento dos produtores rurais da Bahia, Crusoé coletou vários testemunhos de assentados que vivem sob a tirania do MST. Os relatos revelam um padrão inquietante: a ira do MST é despertada quando os assentados solicitam ou obtém um título de domínio – o documento que formaliza a propriedade da terra. Para muitos, essa etapa da reforma agrária, que deveria trazer segurança e uma nova vida, se torna um estado de terror que só acaba quando abandonam o assentamento.
Domingas Neves de Jesus, de 41 anos, é uma destas vítimas. Moradora em um assentamento do MST por 13 anos, Domingas foi expulsa depois de solicitar o título de domínio. Sua casa foi demolida e outra pessoa se apropriou de seu lote. Ela teve que abandonar todos os seus pertences e fugir para a casa do filho.
Outros, como Vanuza dos Santos de Souza, tiveram ainda menos sorte. Vanuza foi espancada e amarrada em uma árvore fora do assentamento, após recusar-se a participar de mais invasões. Em um vídeo compartilhado na CPI, ela expõe seu medo e frustração.
Os relatos também mostram um constante estado de medo entre as famílias que ousam divergir do MST. Casos de ameaças e intimidação por parte de membros do MST foram reportados em Assentamento Rosa do Prado, onde vivem 250 famílias.
Segundo o deputado federal e relator da CPI do MST, Ricardo Salles (PL-SP), esse estilo de “disciplina” é uma prática comum em acampamentos e assentamentos em todas as regiões do Brasil. Neste regime de terror do MST, as leis do país parecem não ter valor, com violações dos direitos humanos ocorrendo sem reação das autoridades.
Ambos, Domingas e Carlos Sérgio dos Santos Oliveira, um agricultor do Assentamento Rosa do Prado, afirmaram que eram forçados a trabalhar como escravos para o MST. Um quadro que, segundo eles, prevalece em todos os assentamentos.
Agora, depois de experimentar tal brutalidade, muitos dos assentados que, em um tempo, tinham uma visão positiva do movimento, passaram a ter repulsa pelos seus integrantes e pelas suas ideias. “Esse MST tem que ter fim. O que eles fazem não é reforma agrária, o que eles fazem é escravizar o povo”, afirma Carlos Sérgio.