A recente indicação de Cristiano Zanin pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Supremo Tribunal Federal (STF) tem gerado controvérsias. Após um mês de posse, o ministro enfrenta duras críticas, principalmente de setores do Partido dos Trabalhadores (PT), pelo que muitos veem como votos conservadores em temas relevantes.
Zanin tornou-se alvo de pressão de grupos da esquerda, alguns dos quais insinuaram descontentamento através de uma resolução discreta. O descontentamento gira principalmente em torno de decisões de Zanin em questões relacionadas a direitos humanos e costumes. Importante notar que essas críticas não se originam somente de fora do STF, mas também de dentro de seu próprio partido.
Por exemplo, Zanin votou contra a equiparação de crimes de homofobia e transfobia ao crime de injúria racial, argumentando que o pedido original havia sido indevidamente expandido. Além disso, ele votou contra a descriminalização do porte de maconha para consumo pessoal, sugerindo que tal movimento poderia agravar problemas de saúde pública.
Adicionalmente, Zanin foi contra a abertura de uma ação sobre violência policial contra os povos indígenas Guarani e Kaiowá em Mato Grosso do Sul. Este voto foi particularmente controverso, já que a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, que apoiou Lula na eleição, moveu o processo.
Finalmente, Zanin rejeitou a aplicação do princípio da insignificância para absolver dois homens acusados de furtar itens avaliados em R$ 100, uma decisão que vai contra a jurisprudência estabelecida no STF.
Entretanto, em um gesto recente para apaziguar os ânimos, Zanin votou contra a fixação de um marco temporal para a demarcação de terras indígenas. Ele também recebeu a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, o que foi lido como um aceno para a base ideológica de Lula.
Quando foi inicialmente especulada a indicação de Zanin, muitos setores da esquerda apoiaram a escolha, apesar de suas posições sobre tópicos públicos controversos serem na época desconhecidas. Isso se deve em grande parte ao seu trabalho como advogado de Lula na Operação Lava Jato e sua oposição ao então juiz Sergio Moro.
Atualmente, no entanto, Zanin enfrenta a pressão considerável do mesmo grupo político que foi responsável por sua indicação. As críticas e controvérsias atuais, no entanto, parecem não ter abalado o ministro, que, apesar da pressão, mantém sua personalidade forte.