Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, alerta para uma situação preocupante na economia internacional conforme as projeções da dívida pública dos Estados Unidos. Em declaração dada no Lide Brazil Development Forum, em Washington, ele também comentou sobre os desafios enfrentados pela economia chinesa.
Campos Neto destacou que a dívida dos EUA deve se aproximar de US$ 2 trilhões em 2023, com o governo americano adotando uma política fiscal expansionista. Segundo ele, as taxas de juros de 30 anos nos EUA agora ultrapassam as de cinco anos, um cenário que não se observava há algum tempo. Ele também apontou preocupações com o setor imobiliário americano, que vem mostrando um endurecimento das condições para aquisição de moradias.
A atenção do presidente do Banco Central também se voltou para a China. A despeito das medidas que vêm sendo tomadas para estimular o crescimento econômico, o mercado imobiliário chinês registrou uma queda de 8,5%. O setor é grande e importante para o país, representando 30% do Produto Interno Bruto (PIB).
“E as revisões de crescimento para baixo na China têm implicações para o Brasil”, alertou Campos Neto, citando o impacto já visível nos preços chineses, que estão se deflacionando, uma tendência preocupante. Além disso, os empréstimos imobiliários estão negativos na China e duas grandes empresas do setor têm valor de mercado próximo de zero. Segundo o presidente do BC, também é preocupante a taxa de desemprego entre jovens e o envelhecimento da população na China.
Esses desdobramentos da economia global têm implicações para a economia brasileira, conforme pontuado por Campos Neto. “Com todo mundo olhando o fiscal, sobe barra um pouco para o fiscal interno”, destacou ele, sugerindo que as dificuldades internacionais aumentam a pressão sobre a política fiscal do Brasil.
Até agora, a economia americana tem resistido a uma desaceleração mais forte. No entanto, a piora no setor imobiliário e a oferta crescente de gastos podem ser sinais de que a situação pode se tornar mais complexa nos próximos anos. Já na China, a queda do mercado imobiliário e as dificuldades econômicas podem atingir diretamente a economia brasileira, já que o país asiático é um importante parceiro comercial.