Com o desemprego aumentando e a economia lutando para se recuperar da pandemia COVID-19, os millennials na China estão enfrentando uma nova preocupação: a chamada “maldição dos 35”. Originário das redes sociais, o termo descreve a discriminação enfrentada pelos trabalhadores com idade superior a 35 anos no mercado de trabalho, sendo muitas vezes passados por candidatos mais jovens na busca por emprego.
A “maldição dos 35” tornou-se tão difundida que foi adotada até mesmo pelos conselheiros políticos do Partido Comunista Chinês. Muitos trabalhadores acreditam estar enfrentando esse preconceito etário no mercado de trabalho, incluindo profissionais comumente considerados em plena idade produtiva.
Para quem possui mais de 35 anos em busca de emprego, as barreiras são variadas e frequentemente explícitas. Sites de empregos on-line e recrutadores frequentemente estabelecem o limite de idade em 35. Porém, tal discriminação não está restrita apenas ao setor privado. O próprio governo chinês desencoraja a contratação de servidores públicos acima dessa idade. Essa prática despertou fortes críticas durante a reunião anual do parlamento chinês em 2021.
Essa questão do limite de idade para empregabilidade emergiu em parte devido ao crescimento massivo do setor de tecnologia. A cultura de trabalho 996 (trabalhar das 9h às 21h, 6 dias por semana) é intensa e tem mostrado ser uma expectativa comum, especialmente entre as gigantes do setor tecnológico. Essa pressão de ritmo de trabalho tem pesado mais sobre os ombros dos trabalhadores mais velhos.
Os especialistas também argumentam que a discriminação etária no local de trabalho também pode ter origem em questões de economia de custos, visto que recém-formados tendem a ter expectativas salariais mais baixas.
A questão de discriminação de gênero também não pode ser ignorada neste contexto. Mulheres com mais de 35 anos afirmam enfrentar ainda mais desafios, especialmente devido às preocupações dos empregadores com licença maternidade.
A resposta à “maldição dos 35”, de acordo com alguns, poderia ser a implementação de políticas especiais que favorecem os trabalhadores acima de 35 anos, além de leis e regulamentos formais contra o etarismo. Contudo, embora a lei do trabalho da China proíba a discriminação devido à etnia, sexo e crença religiosa, não há menção a discriminação por idade.
Embora propostas tenham sido feitas para reverter essa situação, o progresso ainda é lento. A reforma jurídica aparece como uma das principais maneiras de combater a discriminação por idade e gênero no mercado de trabalho.