A promotoria francesa solicitou nesta segunda-feira (25) que Dominique Pelicot seja condenado a 20 anos de prisão por crimes considerados graves e repetidos. O réu admitiu ter drogado sua esposa, Gisele Pelicot, estuprado-a e organizado estupros coletivos com a participação de dezenas de homens ao longo de quase uma década.
“A pena máxima é de 20 anos, o que é muito, mas, ao mesmo tempo, muito pouco em vista da gravidade dos atos cometidos e repetidos”, afirmou a promotora Laure Chabaud em declaração ao tribunal.
O caso, amplamente divulgado na imprensa internacional, tem gerado intensos debates sobre a violência sexual e a responsabilidade dos envolvidos.
Acusações e julgamento
Dominique Pelicot confessou sua participação central nos crimes. Segundo as investigações, ele drogava a esposa sem o seu consentimento, registrava os abusos em vídeo e os compartilhava em plataformas digitais.
Mais de 50 homens também estão sendo julgados por participação nos estupros coletivos. A maioria alega não ter ciência de que Gisele estava dopada ou afirma ter sido manipulada pelo marido da vítima.
As gravações encontradas no computador de Pelicot foram fundamentais para identificar os acusados. Contudo, os depoimentos destacam divergências sobre a consciência dos envolvidos em relação à gravidade dos atos.
Repercussão do caso
O julgamento reacendeu discussões sobre violência sexual na França e no mundo. Organizações de direitos humanos destacam a complexidade do caso, que envolve abuso de confiança, manipulação e exploração sistêmica de uma vítima.
Grupos feministas também têm apontado a necessidade de penas mais severas para crimes de violência sexual, além de políticas de conscientização e prevenção.
A defesa e o impacto na vítima
Durante o julgamento, Dominique Pelicot expressou remorso, mas sua confissão não diminuiu a indignação pública. Gisele Pelicot, que testemunhou no processo, declarou o impacto devastador dos abusos em sua vida.
“A dor física e emocional de tudo o que vivi é algo que não desejo a ninguém”, afirmou a vítima, que também pediu privacidade e respeito à sua recuperação.
Reflexão global sobre violência sexual
Este caso se tornou um exemplo extremo das consequências da violência sexual e da falta de consentimento. Ao mesmo tempo, trouxe à tona a importância da vigilância sobre como crimes desse tipo são tratados pela sociedade e pelo sistema judicial.
O julgamento continua, com previsão de sentença para as próximas semanas, e promete influenciar debates sobre legislações e políticas relacionadas à proteção das vítimas.