Ex-ministro explica falhas do Plano Escudo do Planalto à CPMI

Na reunião da CPMI realizada ontem (31), o general Gonçalves Dias, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), deu detalhes sobre as falhas do Plano Escudo do Palácio do Planalto, ativado em 6 de janeiro, dois dias antes dos ataques às sedes dos Três Poderes. Em depoimento à relatora do colegiado, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), Dias esclareceu que o Plano Escudo é um delineamento de medidas operacionais e administrativas para defesa do Palácio do Planalto, determinando a partir de uma análise de criticidade a quantidade necessária de tropa para defesa diante de uma ameaça. Questionado sobre a contenção dos manifestantes, o militar declarou que mesmo com o efetivo máximo descrito no plano, a situação poderia ter sido controlada apenas com o uso de munição real.

Gonçalves Dias também refutou a ideia de ter manipulado a situação de forma violenta desde o início, insistindo que a prioridade era gerenciar a crise e evitar danos e ferimentos. Segundo ele, não adiantava “sair batendo nas pessoas”, sendo que as prisões foram possíveis somente quando os reforços chegaram no segundo andar do Planalto. O general trouxe à tona também o momento em que decidiu dirigir-se ao Palácio do Planalto exatamente no dia do incidente, motivado pela inconsistência de informações que recebia de seus contatos, que incluíam Cíntia Queiroz de Castro, coronel da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), Carlos José Penteado, general do Exército, e Saulo Moura da Cunha, então diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

O general apontou falhas no bloqueio da PMDF como uma das razões para a facilidade com que os manifestantes chegaram ao Palácio do Planalto. Afirmou ainda que, embora tivesse solicitado reforços ao Comandante Militar do Planalto, a continuidade dos ataques levou-o a concluir que o Plano Escudo era ineficiente. Em retrospecto, Gonçalves Dias declarou que teria adotado uma postura mais repressiva, mas enfatizou que naquele contexto, fez tudo ao seu alcance para minimizar danos e, sobretudo, preservar vidas.