O Movimento Sem Terra (MST) propôs a criação de um curso de medicina exclusivo para assentados da reforma agrária à Universidade Federal de Pelotas (UFPel), que se mostrou favorável à ideia. Em uma reunião realizada no dia 23 de junho, o movimento apresentou sua proposta com o objetivo de formar médicos para atender às necessidades em áreas rurais. No entanto, entidades médicas criticaram a iniciativa, afirmando que a ausência de parâmetros pode comprometer a qualidade na formação dos futuros médicos.
A proposta do MST visa integrar o curso ao Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), vinculado ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A UFPel, que é mantida financeiramente pelo governo federal, já inseriu simpatizantes do movimento em superintendências do Incra e em secretarias ministeriais. A reitora da universidade, Isabela Andrade, destacou que o curso não interferirá na quantidade de vagas regulares de medicina, mas acrescentará novas oportunidades a assentados da reforma agrária.
Contrapondo-se à ideia, o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), o Conselho Regional de Medicina do estado (Cremers) e o Conselho Federal de Medicina (CFM) repudiaram a iniciativa. Eles argumentam que a flexibilização nos critérios de seleção e a ausência de parâmetros podem resultar na precarização da formação médica. No entanto, o MST defende que já existem mecanismos flexíveis para o ingresso em faculdades de medicina e programas sociais voltados para a saúde em áreas de vulnerabilidade social. Atualmente, o programa Pronera mantém 19 cursos superiores envolvendo mais de 2.000 estudantes em áreas variadas.