Em meio às crescentes tensões comunitárias na Índia, a polícia do país está investigando um choque incidente infanto-juvenil em um distrito escolar de Muzaffarnagar, estado de Uttar Pradesh. Uma professora está sob a mira das autoridades por ter instruído estudantes a baterem em um aluno muçulmano, de 7 anos, sob a desculpa de que o menino não se lembrava da tabuada. A sessão de violência foi registrada em vídeo, gerando uma onda de indignação em todo o país. Uma observação feita pela professora durante o incidente sugeriu um tom discriminatório, referenciando a religiosidade do aluno, possivelmente, como o causador de sua falta de dedicação acadêmica.
De acordo com Satyanarayan Prajapat, superintendente da polícia de Muzaffarnagar, a professora teria justificado a agressão à religião muçulmana do estudante, argumentando que “Quando as mães dos alunos muçulmanos (aqueles que seguem o Islão) não prestam atenção aos estudos dos seus filhos, o seu desempenho é arruinado”. A escola foi fechada após o início das investigações e a professora, ainda não formalmente acusada, defende que agiu a pedido do próprio pai do aluno que, por ser deficiente, teria pedido auxílio dos demais colegas de sala para “disciplinar” o filho.
O episódio amargo significou uma profunda amostra de discordância cívica na Índia, a maior democracia do mundo em termos de população. O ato de violência incentivado pela professora é uma afronta à Lei do Direito das Crianças à Educação Gratuita e Obrigatória indiana, que proíbe explicitamente o castigo físico e o assédio mental. Esse se soma a outros casos de intolerância religiosa no país, alimentados pelas políticas populares, mas divisivas, do partido BJP (Bharatiya Janata) no poder. Os críticos responsabilizam a sigla pela crescente atmosfera de medo e alienação entre os grupos minoritários, apesar do discurso oficial do partido e do primeiro-ministro Narendra Modi de “igualdade a todos os cidadãos”, sem espaço para discriminação.