O Governo Central encerrou o mês de março de 2025 com superávit primário de R$ 1,1 bilhão, revertendo o déficit de R$ 1 bilhão registrado no mesmo período de 2024. Os dados foram divulgados nesta terça-feira, 29, pela Secretaria do Tesouro Nacional.
Segundo o boletim, o resultado positivo decorre de um crescimento real de 0,8% na receita líquida e de uma queda real de 0,5% nas despesas totais, em comparação a março do ano passado. A Receita Total no mês alcançou R$ 214,8 bilhões, um aumento nominal de 7,8% e real de 2,2%.
A arrecadação administrada pela Receita Federal apresentou crescimento nominal de 11,4% e real de 5,6%, com destaque para o Imposto de Importação, que subiu 26,8%, e o Imposto de Renda, com alta de 5,0%. Por outro lado, as receitas não administradas, como dividendos e participações, caíram 12,5% em termos reais, influenciadas pela queda nos repasses da Caixa Econômica Federal.
Do lado das despesas, houve queda de 22,9% nas despesas discricionárias, em termos reais, impulsionada por reduções em ações na função Saúde (menos R$ 807,9 milhões) e em outras despesas (menos R$ 1,3 bilhão). As despesas obrigatórias mantiveram comportamento controlado, com destaque para o crescimento moderado de 1,6% nos benefícios previdenciários e redução de 2,0% nos gastos com pessoal. Já os gastos com o Benefício de Prestação Continuada (BPC) cresceram 9,8%, refletindo o aumento no número de beneficiários e no salário mínimo.
No acumulado do primeiro trimestre de 2025, o superávit primário somou R$ 54,5 bilhões, uma alta de 170,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. O resultado foi influenciado pelo adiamento do pagamento de precatórios, que neste ano foram postergados para julho.
De acordo com o boletim, a receita líquida no trimestre teve crescimento real de R$ 15,3 bilhões (+2,7%), enquanto a despesa total caiu R$ 18,7 bilhões (-3,4%). O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, destacou que o desempenho “reflete a disciplina fiscal” e que o adiamento dos precatórios buscou evitar pressões sobre a atividade econômica, colaborando com a política monetária do Banco Central.
Apesar dos resultados positivos, o Tesouro alertou para desafios relacionados ao crescimento das despesas obrigatórias, como o seguro-desemprego, que teve alta de 23,5% em março, também influenciada pela elevação do salário mínimo.
A meta fiscal do governo para 2025 é de déficit primário zero, com margem de tolerância de 0,25% do PIB, o que equivale a cerca de R$ 29 bilhões. O governo prevê anunciar novas medidas de arrecadação e contenção de gastos no segundo semestre para cumprir o objetivo.