Ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, é alvo de operação da PF por suspeita de espionagem ilegal

Policiais federais cumprem nesta quinta-feira (25) 21 mandados de busca e apreensão em endereços ligados a suspeitos de participar de um esquema na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar, ilegalmente, autoridades públicas e cidadãos comuns.

Um dos alvos da operação é o ex-diretor da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem. Há buscas sendo conduzidas no gabinete de Ramagem e no apartamento funcional da Câmara hoje ocupado por ele.

A operação, batizada de “Vigilância Aproximada”, é um desdobramento da operação “Primeira Milha”, iniciada em outubro de 2023 para investigar o suposto uso criminoso da ferramenta “FirstMile”.

O mau uso dessa tecnologia de espionagem, desenvolvida pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint), foi revelado em março pelo jornal O Globo.

A investigação da PF apontou que o software comprado pelo governo usava dados de GPS para monitorar irregularmente a localização de celulares de servidores públicos, políticos, policiais, advogados, jornalistas e até mesmo juízes.

Naquele momento, quando a denúncia do uso do sistema veio à tona, a Abin confirmou ao g1 que utilizou a tecnologia. O programa foi comprado no fim do governo Temer, a poucos dias da posse de Jair Bolsonaro, e usado até parte do terceiro ano do seu mandato.

A PF não divulgou os nomes dos outros alvos da operação, mas afirmou que são suspeitos de participar do esquema de espionagem ilegal. Além das buscas, há outras medidas alternativas à prisão sendo cumpridas, incluindo a suspensão imediata de sete policiais federais supostamente envolvidos no monitoramento ilegal.

A operação ocorre em meio à disputa eleitoral para a Presidência da República. Ramagem é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro e é cotado para ocupar um cargo no governo caso o ex-capitão seja reeleito.