Um médico de 29 anos foi indiciado por feminicídio e outros seis crimes relacionados à morte de uma adolescente de 15 anos, ocorrida na madrugada de 3 de maio, em Mato Grosso. O caso aconteceu dentro de um carro, após o casal deixar um bar no centro da cidade. A investigação aponta que o disparo foi feito enquanto a jovem dirigia o veículo com o médico no banco do passageiro.
A Polícia Civil concluiu o inquérito e indicou que o profissional poderá enfrentar pena de até 62 anos de reclusão, em regime fechado. Além do feminicídio, o médico foi indiciado por dano ao patrimônio público, posse irregular de arma de fogo de uso restrito, disparo de arma de fogo, dirigir sob efeito de álcool, entregar veículo a pessoa não habilitada e fornecer bebida alcoólica a menor de idade.
Durante o interrogatório, o médico admitiu ter feito o disparo que atingiu a cabeça da adolescente, alegando que acreditava que a arma não estava carregada. Ele disse ainda que prestou socorro e levou a vítima ao hospital, onde acompanhou a tentativa de reanimação. Após a constatação do óbito, ele teria entrado em surto e danificado parte da estrutura da unidade de saúde.
Segundo a reconstrução feita pela polícia, o casal deixou o bar às 00h55. Três minutos depois, a adolescente assumiu a direção do veículo. O disparo ocorreu dentro do carro logo em seguida. Às 01h02, chegaram ao hospital, e às 01h28 o óbito foi declarado. A Perícia Oficial foi acionada logo após a confirmação da morte.
A investigação revelou que o médico adquiriu a arma ilegalmente em 2022 e iniciou um relacionamento com a vítima no final de 2024. Em janeiro de 2025, estabeleceram uma união estável. Em outro episódio, três meses antes do crime, ele levou a adolescente ao hospital devido a um sangramento nasal. Na ocasião, ele próprio prestou atendimento e negou qualquer agressão.
Um vídeo publicado nas redes sociais da vítima mostra o médico manuseando a arma dentro do carro, enquanto dirige ao lado da adolescente. Em outro momento da gravação, uma mulher que seria a mãe dele aparece se divertindo com a cena. Também foi apurado que ele teria efetuado disparos com a mesma arma uma semana antes do homicídio, em Guarantã do Norte.
A defesa do médico contesta informações do Boletim de Ocorrência e afirma que ele não estava foragido, como chegou a ser divulgado. Segundo o advogado, houve um acordo prévio com a polícia para apresentação espontânea do cliente, o que foi cumprido. A defesa também informou que solicitou acesso à íntegra do inquérito, mas não obteve retorno até o momento.