Seis integrantes ligados ao Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), do qual o ministro Gilmar Mendes é sócio, ocupam cargos de destaque na Confederação Brasileira de Futebol (CBF), conforme revelou a revista Piauí. A influência do ministro na entidade vai além das decisões judiciais envolvendo o presidente Ednaldo Rodrigues, recentemente destituído do cargo.
O IDP mantém um contrato de 10 anos com a CBF para a organização dos cursos da CBF Academy. Entre os nomes indicados está Hugo Teixeira, assessor especial de Ednaldo e ex-colaborador direto de Francisco Schertel Mendes, filho de Gilmar Mendes e gestor do instituto. Também compõem a equipe o diretor jurídico André Mattos e o diretor financeiro Valdecir de Souza.
Antes de sua destituição, confirmada em decisão de quinta-feira, 15, Ednaldo vinha mantendo influência em Brasília. Em ocasiões anteriores, Gilmar Mendes havia negado dois pedidos para afastá-lo, apresentados de formas distintas. Durante esse período, a CBF manteve uma sede na capital federal, que serviu como base operacional para o então presidente.
Em 2022, segundo a revista, Ednaldo autorizou o desbloqueio de R$ 52 milhões da entidade, dos quais R$ 21 milhões foram destinados ao pagamento de uma indenização ao Icasa, clube do Ceará. Parte desse valor, R$ 5,7 milhões, foi paga à vista a um advogado maranhense, sem cláusula de êxito — prática comum no setor jurídico. A liminar que viabilizou o pagamento foi concedida em apenas um dia, embora o tempo médio de análise no Superior Tribunal de Justiça seja de 55 dias, conforme dados do Conselho Nacional de Justiça.
A atuação da CBF em Brasília levou o deputado federal Sargento Gonçalves (PL-RN) a defender uma investigação sobre a estrutura mantida pela entidade na capital. Ele integra o grupo de parlamentares que protocolou um pedido para abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados, liderado pelo deputado Coronel Meira (PL-PE).
De acordo com Gonçalves, a presença institucional da CBF em Brasília indica uma tentativa de exercer influência política e institucional. Segundo ele, essa movimentação pode representar práticas de lobby e pressão indevida, justificando a necessidade de maior fiscalização sobre a gestão atual da entidade.
Fonte: Revista Oeste