O governo da Nicarágua, liderado pelo controverso ditador Daniel Ortega, tomou as rédeas do país para extinguir o estatuto jurídico da Associação Companhia de Jesus da Nicarágua na última quarta-feira (23). A decisão unânime, radicada pela ministra do Interior nicaraguense, María Amelia Coronel Kinloch, viu a expropriação dos bens significativos dos jesuítas, incluindo uma universidade e duas escolas privadas bem sucedidas e estabelecidas na Nicarágua desde 16 de maio de 1995.
A implantação desse drástico movimento, publicado no Diário Oficial nicaraguense, La Gaceta, ocorre na esteira do congelamento das contas bancárias e da apreensão dos imóveis da renomada Universidade Centro-Americana (UCA) jesuíta. O governo acusou a universidade de crimes de terrorismo, levando-a a suspender suas atividades acadêmicas e administrativas em meio a alegações “infundadas”. Este é um golpe importante considerando que a Companhia de Jesus, à qual pertence o papa Francisco, é a maior ordem religiosa masculina da Igreja Católica com mais de 16 mil membros.
Ao mergulhar mais profundamente na decisão governamental, revela-se que a Associação Companhia de Jesus da Nicarágua foi ilegalizada por “descumprimento das leis”. O posicionamento alega que seu conselho de administração expirou em março de 2020 e não apresentou suas demonstrações financeiras para os anos fiscais de 2020-2022. Isso intensifica uma já alta tensão com a Igreja Católica, que lidou com a expulsão e prisão de padres, proibição de atividades religiosas e a suspensão das relações diplomáticas. O Papa Francisco classificou o governo de Ortega como uma “ditadura grosseira”, expressando assim, a severidade da situação. Com a liquidação do patrimônio da organização, preocupações crescem sobre a futura presença da Igreja Católica na Nicarágua.