A ex-presidente Dilma Rousseff apresentou nesta terça-feira (13), na China, uma nova versão do mapa-múndi lançada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que coloca o Brasil no centro e posiciona o Sul voltado para cima, contrariando a orientação tradicional.
A iniciativa foi divulgada ao lado do presidente do IBGE, Márcio Pochmann, que comemorou a repercussão do material nas redes sociais. Em publicação no X, ele afirmou que o novo mapa contribui para um debate sobre o papel do Brasil diante das mudanças na geopolítica global impulsionadas pelo avanço do Sul Global.
Segundo o IBGE, a nova representação busca oferecer uma leitura geopolítica alternativa, destacando blocos como Brics e Mercosul, além de países de língua portuguesa e o bioma amazônico. A proposta segue uma tendência adotada por países que questionam a predominância do Hemisfério Norte nas representações cartográficas tradicionais.
O mapa também marca o Rio de Janeiro como capital do Brics, Belém como sede da COP30 e Fortaleza como palco do Triplo Fórum Internacional da Governança do Sul Global, previsto para junho.
A diretora de Geociências do IBGE, Maria do Carmo Dias Bueno, defendeu a inversão dos pontos cardeais, classificando-a como uma escolha deliberada. Segundo ela, a convenção cartográfica que posiciona o Norte no topo é uma construção cultural, e há estudos que associam essa posição a valores positivos, enquanto o Sul é frequentemente relacionado à pobreza.
Essa não é a primeira vez que o IBGE modifica o formato do mapa-múndi. Em abril de 2024, o órgão divulgou uma versão com o Brasil ao centro, mas sem alterar os polos. Na ocasião, o mapa integrava o Atlas Geográfico Escolar, mas apresentava erros conceituais, reconhecidos posteriormente pelo instituto, que publicou uma errata.