A escolha do nome Leão XIV pelo novo papa, Robert Francis Prevost Martinez, marca o retorno de uma das mais tradicionais denominações do papado. O nome remete à figura de Leão I, também conhecido como São Leão Magno, que liderou a Igreja entre os anos 440 e 461 d.C. e ficou conhecido por sua atuação diplomática ao impedir a invasão de Átila, rei dos hunos, à Itália.
O termo “Leão” tem origem no latim Leo e carrega significados associados à coragem, autoridade e liderança — atributos considerados essenciais à função papal desde os primeiros séculos da Igreja Católica. A adoção do nome também remete a uma tradição cristã que vincula o leão ao evangelista Marcos, símbolo presente em diversas representações medievais da fé cristã.
Segundo essa tradição, os quatro evangelistas estão associados a quatro seres viventes descritos nos livros bíblicos de Ezequiel e do Apocalipse: um homem (Mateus), um leão (Marcos), um boi (Lucas) e uma águia (João). O leão é ligado a Marcos porque seu evangelho se inicia com a pregação de João Batista no deserto, evocando o rugido e a majestade da figura leonina.
Essa iconografia também influenciou a arte sacra ao longo da Idade Média, sendo o leão de São Marcos um dos símbolos mais reconhecíveis da cidade de Veneza, onde está localizada a basílica dedicada ao evangelista. Além do significado religioso, o nome Leão ganhou prestígio histórico por sua associação com figuras de liderança e bravura, como o rei Ricardo Coração de Leão.
Com Leão XIV, já são catorze os papas que adotaram esse nome ao longo dos séculos. Dentre eles, destacam-se:
- Leão I (440–461): conhecido como “o Grande”, enfrentou Atila e foi um dos primeiros Doutores da Igreja;
- Leão III (795–816): coroou Carlos Magno como imperador, consolidando a aliança com o Império Carolíngio;
- Leão IX (1049–1054): atuou nas reformas da Igreja e enfrentou a cisão com o Oriente;
- Leão X (1513–1521): da família Médici, excomungou Martinho Lutero;
- Leão XIII (1878–1903): autor da encíclica Rerum Novarum, que lançou as bases da doutrina social da Igreja.
Robert Francis Prevost, nascido em Chicago em 1955, é o primeiro papa norte-americano da história. Assume o pontificado aos 69 anos, em boas condições de saúde, e deve completar 70 anos em setembro. Para especialistas, essa combinação de vigor físico e trajetória consolidada sugere um papado estável e de longa duração.