Keynesianismo militar impulsiona a economia russa apesar de sanções

De acordo com recentes projeções, a economia russa, prevista para sofrer um revés de 2,3% negativos em meio a conflitos com a Ucrânia e severas sanções econômicas, está, na verdade, em ascensão, com ganhos estimados de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB). A explicação para esse aumento sem precedentes aponta para a agressiva indústria de defesa russa, liderada por Vladimir Putin. Especialistas analisam que essa dinâmica se dá por um fenômeno que ganhou o nome de “keynesianismo militar”, termo cunhado por Alexandra Prokopenko, pesquisadora do Carnegie Russia Eurasia Center.

Armada com dados obtidos via monitoramento por satélite pelo Centre National d’Études Spatiales (CNES), a agência espacial francesa, a empresa parisiense QuantCube Technology mensurou e confirmou o aumento da produção na Rússia por meio da análise de emissões de poluentes. De acordo com os dados, a indústria de defesa russa atingiu 2% a mais de produção que seis meses antes, com energia não-nuclear crescendo 3% no mesmo período e as emissões do setor metalúrgico avançando 4% após uma longa queda em 2022.

Outro fator que contribui para a crescente economia russa é o redirecionamento do comércio para parceiros asiáticos, especificamente China e Índia. Esse movimento, com dados confirmando um aumento de 30% no comércio total entre a Rússia e a China em 2022, não apenas ajuda a contornar as sanções do Ocidente, mas também estimula a economia russa, como observado pelo cientista político Leonardo Paz Neves, do Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da Fundação Getulio Vargas (FGV NPII).