O sistema eleitoral brasileiro está sob a mira da disparidade política, com ao menos 44 deputados federais seguindo a trilha de deslegitimação delineada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. De acordo com uma pesquisa recente do O Globo, essas alegações infundadas ganharam força após a reunião de Bolsonaro com embaixadores no ano passado – reunião que culminou em sua condenação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por tentativas de desacreditar as urnas eletrônicas. As declarações consideradas no levantamento foram feitas publicamente, em discursos e postagens em redes sociais, desde 2020.
Na última semana, Bolsonaro foi convocado pela Polícia Federal para esclarecer uma mensagem enviada a um empresário na qual insinuava, sem provas, que o TSE estaria sujeito a fraudes. A mensagem foi amplamente compartilhada por aliados e grupos extremistas. A condenação de Bolsonaro pelo TSE não se baseou apenas em seus ataques às urnas, mas também no uso indevido de sua posição e da estrutura pública – algo que não se aplica aos parlamentares, cujos discursos estão protegidos pela imunidade parlamentar.
Além do ex-presidente, estes deputados também investem em propagar a dúvida sobre o sistema eleitoral brasileiro, muitos dos quais fazem parte da base aliada de Bolsonaro na tentativa de reeleição. Entre eles, destacam-se 30 membros da bancada do PL, o partido do próprio ex-presidente. Essas ações têm consequências, já que a disseminação de fake news contra o sistema eleitoral pode acarretar em cassação do mandato, como foi o caso do deputado estadual Fernando Francischini (PSL-PR) em 2021. Esta tática de ataques ao sistema eleitoral é uma repetição de uma estratégia anteriormente empregada durante o mandato de Bolsonaro na Presidência.